Quem já namorou por bastante
tempo sabe bem o que é essa síndrome. Quem já namorou a distância também. Quem
morou longe da casa do namorado ou quem tinha o costume de passar o final de
semana na casa do namorado sabe bem do que eu estou falando. É a síndrome da
mochila do final de semana.
Pra quem não sabe, eu vou explicar.
Namorado e namorada, durante a semana toda, trabalhando o dia todo e estudando
a noite, dificilmente conseguiam se ver durante a semana por conta do ritmo puxado
do dia a dia. Então, ficavam esperando ansiosamente pela sexta-feira e, quando
ela chegava, vinha junto com uma mochila (mala, bolsa, sacola de supermercado) com roupas, nécessaire, pijama, chinelo, maquiagem, sapato de festa e
muitos outros itens extras para ser usado num programa que não havia sido
combinado, até o domingo de noite ou até mesmo a segunda-feira de manhã, indo
direto para o trabalho.
Com o passar dos meses, a
quantidade de itens dentro da mochila ia diminuindo inversamente proporcional a
quantidades de itens que ia ficando na casa do namorado. Claro que, quando o
final de semana era na casa da namorada, os itens do namorado também iam
ficando na casa da namorada. Mas como aqui a Noite é Mulherzinha, vamos falar
somente da parte dela.
Mais alguns meses e o pavor de
fazer a mochila, chegava junto com a sexta-feira. Só de pensar em pegar a
mochila e se desapegar de todas as outras opções do próprio quarto, ela ficava
em desespero. Para algumas namoradas, essa síndrome levou anos até passar!
(Beijo Juli+Gabriel).
Tudo bem que o pavor era
recompensado, quase sempre, por um final de semana de dedicação exclusiva da
namorada para o namorado e vice-versa. Afinal, se ela não queria trabalhar no
final de semana, era só não levar os itens de trabalho.
E então a síndrome aumentava, o
desespero é era tão grande em fazer a, nesse momento, maldita mochila, que o
namorado e a namorada começaram a sonhar no dia em que não precisariam mais delas.
No dia em que os dois dividiriam o mesmo quarto, na casa só deles e o final de semana
chegaria sem a mochila, para dedicarem-se, um ao outro sem precisar se preocupar
antecipadamente com que roupa iriam estar no sábado, no domingo e na
segunda-feira.
E eles sonharam tanto que
finalmente casaram-se, ou resolvem morar juntos sob o mesmo teto e fazer um
test-drive e pra ver se ia dar certo. E a lembrança da mochila de final de semana
só vinha quando iam passar o feriadão na praia, quando iam para o interior
visitar um familiar ou qualquer outra situação rápida de final de semana. E
pegar aquela mochila não trazia uma sensação boa na namorada/esposa/noiva/qualqueroutronome.
Mas ela fazia isso com uma habilidade que não foi perdida ou esquecida.
Contudo, ao se livrar da síndrome
do final de semana, ela descobre que a mochila tinha seu lado bom: a de deixar
a vida da semana para trás e viver o final de semana sem preocupações. Agora,
não existe mais dedicação exclusiva para ele. Agora, um final de semana de sol,
chama uma maquinada de roupas para lavar, um dia chuvoso lembra de um trabalho extra para fazer em casa,
uma vontade às vezes de dizer pra ele a deixar sozinha o final de semana todo,
pra ela simplesmente ficar em casa, na cama, vendo o Caldeirão do Huck mudar a
vida de outro alguém, enquanto fala no WhatsApp com a amiga e ele vai jogar um
futebol com os amigos ou levar o carro pra revisão.
O Namoro acabou. Começou o
casamento. Pra salvar isso, só fazendo a mochila do final de semana e fugir pra
serra, praia ou interior.
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