Morar com menino é chato!

... E foram felizes para sempre. Fim.

Tá, mas e depois?

Nós “meninas” românticas que somos, passamos alguns bocados da vida sonhando com O PRÍNCIPE, que vem no cavalo branco e nos resgata da vida com nossos pais para nossa vida adulta (Mário Corso explica). Talvez nem todas as meninas sejam assim, mas a grande maioria, alguma vez na vida, com certeza.

Grande parte da minha infância e adolescência, vivi, estudei e trabalhei com mulheres. Minha irmã, mãe, primas, tias, avós, colegas de colégio, amigas, colegas de trabalho, chefes, alunas, mães de alunos, e assim vai... Mulheres que foram criadas por outras mulheres que faziam todas as tarefas domésticas em casa. Que passavam horas e horas conversando sobre tudo, todos e metendo o bedelho na vida de cada um que conviviam, sempre com alguma opinião sobre tudo. Mulher, por natureza e desde cedo, A-D-O-R-A uma fofoquinha.

O que todas elas na nossa vida nunca, nunquinha contaram pra gente e que eu vou dizer com todas as letras aqui é que depois que o “The One” aparece e se habilita a ser o nosso escolhido para viver uma vida a dois, descobrimos que morar com menino é chato!

Não estou polemizando sobre feminismo ou sobre machismo. Nem quero. O que acontece é que depois de viver e conviver em um ambiente rico em mulheres falantes, opinativas, descritivas, narrativas e argumentativas, quando finalmente temos nossa casa e queremos falar sobre todos os assuntos da vida ou do mundo, descobrimos o universo monossilábico.

Calma, nem tudo é para sempre como nos contos. Com a convivência, eles aprendem a comentar novelas, dizer mais do que “tá bom” para uma roupa ou maquiagem, e até desenvolver uma conversa mais longa sobre a vida cotidiana que não está ligada sobre as compras da casa, as prestações a pagar, e dizer que o dia dele ou o trânsito foi estressante. Temos que ter calma e paciência. Até lá, são aproximadamente dois anos de discussão sobre qual o lugar certo de apertar o tubo de pasta de dente, baixar/levantar o tampo da privada, quem vai lavar a louça, levar o lixo pra fora e finalmente que as cuecas não pulam do banheiro para o cesto de roupa suja, de lá para a máquina, depois para o varal e finalmente de volta para a gaveta. Ah! E que mulheres perdem muitos fios de cabelo pela casa e não estão ficando carecas.

Eu passei por tudo isso. E aprendi. Ele está mais falante, mais argumentativo e colaborativo. E eu, respeitando e aproveitando mais os momentos de silêncio e autorreflexão (com o celular do lado, conectado ao Facebook, Twitter, Instagran e Whatsaap e comentando até a celulite da Sandy nos Altas Horas com minha irmã).

Essa semana cheguei à conclusão de que estou quase saindo desse mundo monossilábico e agradecendo por ter conseguido ampliar a capacidade de mais do que 7 mil palavras a serem faladas diariamente pelo marido. Ele comentou todos os dias sobre as loucuras do Laerte, a cicatriz do Virgílio e os romances do Cadu e da Clara. Só para jogar um papo fora. Hoje, cheguei em casa falamos um pouco e fui para o quarto. Ele estava escutando música na sala (passaporte pra eu deixa-lo na dele no mundo masculino do silêncio), e ele me chamou de volta pra sala para conversar sobre letras de músicas românticas, novela, vídeos engraçados e pasmem, inclusive sobre o blog.

Mas nem tudo são flores... Ele comentou com os colegas de trabalho sobre minhas “incríveis aventuras” durante a Copa do Mundo, desde a busca por um autógrafo do Van Persie até o mini troféu que ganhei por trabalhar nos jogos aqui em Porto Alegre. E perguntei:

 - O que eles disseram? Me conta mais...

 - Ah! Sabe como são os homens... Legal, bonito, que tri.

Afe! Ainda bem que falta um mês pra completar dois anos de “ajuntamento”. Até lá, tenho tempo para melhorar mais algumas coisinhas...