Por quase todos os anos em que estudei, fiz isso em escola pública. Nunca tive horror a ler, mas também nunca fui estimulada com bibliotecas recheadas de livros em minhas escolas. Contudo, fazia o que pudia. Leituras de lazer acontecerem de forma heróica por parte da família com alguns títulos infantis.
No Ensino Médio fiz o curso Normal ( ou magistério se preferir ) e minha professora de literatura fazia um esforço gigante para fazer com que nos interessássemos pelo livro didático de literatura que nada servia de estímulo para gostar dos clássicos brasileiros.
Quando veio o vestibular, a mágica foi feita através dos incríveis resumos que os professores contavam e disponibilizavam pra gente dentro do cursinho.
Enfim, prestei vestibular pra UFRGS e fiz ENEM sem ter lido um clássico, sem ter um livro favorito. O máximo que sabia de alguma obra de Machado de Assis era o filme Memórias Póstumas de Brás Cubas, que assisti no cinema com as colegas e a esforçada professora de Literatura. Cheguei a maioridade, com 19 anos assim: sem ter lido um livro sequer daqueles esperados para minha idade.
Foi então que, no meu estágio do curso Normal, surgiu uma febre entre meus alunos de 8 anos. Um Bruxo que entrava em uma escola de magia e dominava todos os materiais escolares, e assuntos do recreio. Harry Potter era o assunto da vez e as crianças pediram para ver o filme com os colegas na escola.
A professora maluquinha aqui, montou todo um plano pedagógico que contemplasse o pedido das crianças, com outros textos, outras atividades e até brincadeiras. Deixando a parte pedagógica de lado, o fato é que o tal bruxo de 11 anos me pegou de jeito e, depois de assistir o primeiro filme, já fiquei louca pra assistir o segundo. Talvez pelo universo escola, pelo fato de se passar em castelos, de lembrar um pouco a era medieval, o contexto realmente me pegou.
Assistido o filme 1 e 2, sabia que o 3 estava em fase de produção. Mas levaria mais de ano para chegar aos cinemas.
Entrei pra PUC e lá descobri a incrível biblioteca que me ofereceu a possibilidade de ler aquilo que o cinema me traria só depois de um ano. E se era para ler, iria começar do primeiro. Foi então que li o livro 1, quinze dias depois devorei o livro 2, e finalmente conheci a história do livro 3 totalmente envolvida em um texto muiiiito melhor que o filme. Peguei o livro 4 emprestado, mais de 400 páginas. Nessa altura, já lia muita coisa para faculdade com grande facilidade, afinal, quem lê 400 páginas de lazer em 15 dias, trabalhando e estudando, consegue ler um livro de leitura obrigatória com 100 páginas em uma noite.
O livro 5 estava na lista de espera, 15 pessoas na minha frente, que poderiam ficar 14 dias cada um com o livro. Ou seja, demoraria muito para eu ler se eu fosse pegar emprestado na PUC.
Comprei o livro, e então surgiu outra paixão, as livrarias!
Quando lançaram o livro 6 em português, Já me considerava uma fã. Li em três dias. E por fim, o livro 7, não aguentei esperar o lançamento. Li da internet, uma versão que foi fotografada da gráfica em inglês e traduzida por fans em português. Li todo ele no meu computador.
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Um pedaço da minha coleção de livros |
Entre um HP e outro, fui gostando e aprendendo a ler outros tipos de literatura. Confesso que ainda não li Machado de Assis, mas, já li tantas outras coisas. Claro que ainda preciso e quero aprender a ler poesia, um desafio talvez. Contudo, Harry Potter sempre ficará na parte mais nobre da minha biblioteca, pois, foi com ele que todos os outros vieram fazer companhia para ele.
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